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19.Abr - Da Cruz à Ressurreição
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Da Cruz à Ressurreição

O Tríduo Pascal é o ponto culminante de todo o ano litúrgico, por fazer memória da paixão, morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele realizou a redenção do ser humano e a perfeita glorificação de Deus principalmente através do mistério pascal, com o qual, morrendo destruiu a nossa morte e, ressuscitando, restaurou a vida. O foco central está em apontar na vitória da vida sobre a morte e o mal. A Páscoa, a passagem acontece pela cruz e o sofrimento. Portanto, não se pode falar de Páscoa ignorando a cruz. Como entender a cruz de Cristo?


São Paulo é o autor do Novo Testamento que mais elaborou e aprofundou uma verdadeira e própria teologia da cruz. Quando São Paulo fala da cruz, fala sempre do Crucificado, de Cristo. Sublinha que Jesus não foi simplesmente morto, mas morreu crucificado. Na carta aos Gálatas 5,11, fala do “escândalo da cruz”, sem se preocupar em destacar os sofrimentos e humilhações sofridas. “Dizer que o Messias e Salvador morreu crucificado significa afirmar que morreu na vergonha, na infâmia, como amaldiçoado por Deus, excomungado de seu grupo religioso, considerado perigoso para a sociedade civil” (Manicardi, L. O Humano sofrer, Ed. CNBB, p.140).


Paulo também afirma que a cruz é loucura, sempre se entende a cruz por Crucificado. Dá à loucura um sentido positivo. Se humanamente a cruz é loucura, mesmo assim é superior à sabedoria humana e do mundo que tem dificuldade de compreender o agir de Deus e seus ensinamentos. A cruz contesta a racionalidade humana e uma religião que se nutre de sinais, milagres, da busca do extraordinário. Paulo convida os cristãos a encontrar na própria cruz, que humanamente exprime fragilidade e loucura, o poder da sabedoria divina.


Portanto, São Paulo não destaca nada de bom da cruz em si. Quando fala dela faz um anúncio do Crucificado e da ressurreição que estão conexas. A força de Deus que se manifesta na cruz de Cristo, é a força de salvação, pois fortalece a vida no fiel. Muitas vezes, o fiel denomina os próprios sofrimentos como cruzes, desse modo eles são unidos ao Crucificado, vê agir nele também a força do amor mais forte que a morte, a força da ressurreição. A cruz é então verdadeiramente capaz de fazer conhecer a Deus.


A cruz e o sofrimento de Cristo nos reportam aos nossos sofrimentos. Existe uma expressão “oferecer a Deus o sofrimento” que é frequentemente usada. Será que isto faz sentido? Um paciente com uma doença crônica grave disse: “Não se oferece nada de negativo”. Não é a cruz e não são os sofrimentos que tornaram Jesus grande, mas é exatamente o contrário: é a vida de Jesus atravessada pelo amor, pela doação que deu também sentido a morte de cruz. Cristo não ofereceu seus sofrimentos, mas se ofereceu a si mesmo, fez de sua vida uma oferta.


Oferecer a Deus o sofrimento deve ser entendido como viver de acordo com o Evangelho e na proximidade de Deus as situações de sofrimento. Fazer da doença e do sofrimento um caminho em que se conhece algo da proximidade e da consolação de Deus. Continuar, embora com todas as dificuldades e contratempos, nutrindo a fé, esperança e caridade também na provação. Na verdade, nós não oferecemos a Deus os nossos sofrimentos, mas aquilo que fizemos dele. Oferecemos a nós inteiros -corpo, alma e espírito – pois o corpo é o livro do tempo no qual estão escritas as emoções, sofrimentos e experiências vividas, que estão dentro de nós.


Um Feliz e Abençoada Páscoa!


Dom Rodolfo Luís Weber

Dom Rodolfo Luís Weber

O arcebispo metropolitano de Passo Fundo, dom Rodolfo Luís Weber, escreve semanalmente artigos de opinião sobre temas diversos e latentes em nossa sociedade.

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