“Aquele que beber a água que eu vou dar, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe darei, vai se tornar dentro dele uma fonte de água que jorra para a vida eterna” (Jo 4,14). A água é um símbolo de vida e, sendo a liturgia a celebração da vida de Cristo em nós, integra fundamentalmente a liturgia. O rito com a água perpassa toda a vida de fé, do batismo às exéquias (encomendação). É importante refletir sobre a água, mais especificamente no rito da aspersão, em vista de nosso itinerário de iniciação à vida cristã.
Abrangência do rito
O CELAM, no Manual de Liturgia II, aponta a abrangência da aspersão com água: “Aspersão de toda a assembleia celebrante na vigília pascal, depois da renovação das promessas batismais, e também na celebração dominical; aspersão da assembleia, das paredes da Igreja e do altar, na dedicação ou bênção de uma igreja e do altar; aspersão de um cadáver e do túmulo onde será enterrado; na visita a um enfermo para dar a Sagrada Comunhão ou celebrar a Unção, aspersão do enfermo e de seu quarto; aspersão de pessoas e objetos numa bênção etc.”.
Mais especificamente sobre a aspersão do povo, a CNBB, no Guia Litúrgico-Pastoral, afirma que: “O rito da bênção e aspersão de água benta pode ser feito, em todas as igrejas e oratórios, em todas as missas de domingo, especialmente dos domingos da Páscoa, mesmo nas que se antecipam em horas vespertinas do sábado. Este rito substitui o ato penitencial que se realiza no início da missa”.
É nesse sentido que o Missal oferece a possibilidade de que logo ao início da missa, após a saudação do Presidente da celebração, possa ser realizado o rito da aspersão. É um rito que substitui o ato penitencial. É uma prática especialmente recomendada para os domingos do Tempo Pascal.
Água: sinal da graça de Deus
A água é um sinal visível da graça de Deus derramada sobre o povo. A água benta, além de ser considerada sinal de bênção para o povo, é recordação do batismo de todo cristão. No batismo somos mergulhados em Cristo e seu Projeto, morremos com Ele para nascer numa vida nova – é nossa comunhão-participação na morte e ressurreição de Cristo (cf. Rm 3,6-11), é morrer e ressuscitar, deixar o “homem velho” e revestir-se do “novo”. É um participar da Páscoa de Cristo.
Assim entendemos a importância da água benta e do rito de aspersão, tanto mais em tempo pascal. É importante valorizar este rito, realizá-lo com zelo e devoção para ajudar a assembleia a celebrar a Páscoa da Ressurreição. O padre presidente da celebração tem grande responsabilidade sobre este rito, mas é fundamental a equipe de liturgia entender e preparar bem esta ação litúrgica, estar em sintonia com um canto adequado e ajudar o povo a rezar.
Considerando a perspectiva da iniciação cristã, é importante também fazer a experiência da aspersão com água benta em pequenos grupos de liturgia, de famílias, de catequese... Uma oração que valorize a água, cantos/refrãos de acordo e a aspersão realizada com zelo e unção ajudam a rezar e acolher a bênção de Deus através da água, bem como fortalecer o compromisso de todo batizado a ser discípulo missionário do Senhor.
Para refletir e partilhar:
· Qual a minha experiência de fé a partir da água benta?
· Qual o sentido teológico-litúrgico-espiritual do rito da aspersão?
· Como integrar o rito da aspersão na celebração em vista da iniciação à vida cristã?
