Arquidiocese de Passo Fundo
 
 
FORMAÇÕES
02.Mai - Pedro, tu me amas?
Aumentar Fonte +
Diminuir Fonte -
Pedro, tu me amas?


A experiência de superar a crucificação e morte de Jesus Cristo não foi um processo tranquilo para o discipulado. Jesus, o vencedor da morte e Ressuscitado, precisou aproximar-se do grupo dos discípulos para ajudá-los a dar o passo decisivo que consistia em acolher a Ressurreição e testemunhar para outros que a proposta do Reino não estava derrotada, mas muito viva e deveria ser expandida e acolhida universalmente.


Os quatro evangelistas apresentam, de formas diferenciadas, este processo, vivenciado pelos seguidores. Aqueles homens e mulheres eram desafiados a fazer uma travessia sustentada na fé, marcada por duas responsabilidades. Primeiro, ressignificar a cruz, não mais a vendo como um símbolo da morte, mas como compromisso assumido na fé. Segundo, acolher o mistério da Ressurreição como intervenção divina poderosa frente aos poderes de morte, como a crucificação, outrora vistos como invencíveis, sobretudo pelos que faziam uso de armas destruidoras da vida, para eliminar supostos adversários. 


O terceiro Domingo da Páscoa apresenta-nos um relato joanino (Jo 21,1-19) deste momento crucial da história da salvação. Narra a aparição do ressuscitado a um grupo de discípulos justamente em um tempo pós crucificação-ressurreição, quando para eles a sombra da morte de Jesus ainda pairava impedindo qualquer iniciativa na perspectiva de continuidade da obra iniciada pelo Mestre de Nazaré.


 O texto também pode ser lido na perspectiva da recuperação do papel de Pedro diante do projeto do Reino, aquele primeiro amor que o impeliu a deixar o trabalho de pescador para seguir Jesus, porque achava que tudo valia a pena (Mc 1,16-20; Mt 4,18-20; Lc 5,1-1) e que fora abalado pela negação e pela crucificação.


Algumas hermenêuticas refletem este texto na perspectiva da missão eclesial, o agir da Igreja, significando que sem a presença de Jesus e a obediência a sua palavra (Jo, 21,6) não é possível o agir missionário com êxito. Optamos por refletir o enfoque da superação do drama da crucificação, a crise que se abateu sobre o discipulado e o desafio de testemunhar o ressuscitado com convicção (cf At 4,20). 


Segundo o texto, o grupo estava reunido à beira do Mar de Tiberíades.  Pedro afirmou que iria pescar. Os outros disseram que iriam também. João, ao colocar esta expressão, está traduzindo que estavam retornando ao que faziam antes de encontrar Jesus e assumir o caminho do discipulado. Como se expressassem: voltemos a fazer o que estávamos fazendo porque o projeto não deu certo e Jesus, o líder estava morto. Convinha voltar à atividade de pescador, continuar a ganhar a vida. Mas o trabalho não deu grande resultado. A pesca não foi frutífera. Foi uma noite escura na fé, no projeto e quanto ao futuro. Nem como pescadores se previa um horizonte melhor


O texto continua descrevendo que já tinha amanhecido e Jesus estava “em pé” à margem. Apresentou-se estrategicamente necessitado: moços têm algo para comer? Eles não tinham nada. Havia apenas o vazio em todos os sentidos. Disseram “não”. E Jesus, como em outras vezes, faz valer a autoridade da sua palavra: “lançai a rede à direita da barca e achareis”. Eles foram humildes, ouviram e obedeceram a palavra de Jesus. Conseguiram muitos peixes. João, o discípulo amado, foi o primeiro a reconhecer Jesus. Pedro, por sua vez, jogou ao mar porque estava nu. A nudez não era física. Era moral. Ele estava diante do homem que negara. Como encará-lo? Em seguida Jesus os convida para um gesto que fizera muitas vezes, partilhar a refeição. “Vinde comer”. Antes dera ao grupo a palavra. Agora dava pão e peixe (Jo 21,13), o alimento. A palavra e o pão novamente eram entregues ao grupo. Todavia era o Ressuscitado que estava dando, o homem que passou pela cruz e venceu a cruz. Ele estava ali vitorioso. O grupo deveria acolher aquele mistério e testemunhá-lo com coragem e convicção.


Em seguida dá uma atenção especial a Pedro. Eles precisavam daquele momento. Jesus e Pedro. Havia algo a ser revisto. Uma reconciliação a ser construída. Jesus toma a iniciativa. Entretanto Pedro está disposto a retomar o projeto. São três perguntas: Pedro tu me amas? Seguidas de três pedidos. Pedro responde afirmativamente às três perguntas e com isso supera de vez as três negações. A tríplice negação é superada pela tríplice declaração de amor. Contudo, no final, na última resposta, Pedro diz: tu sabes tudo, sabes que eu te amo. Ele está afirmando seu amor naquilo que lhe é possível, imperfeito, frágil, humano. Mas era um amor incondicional, todavia, na perspectiva humana, limitado como tal.


Naquelas condições ele estava disposto a dar a vida pelo Evangelho. E Jesus o convidou ao seguimento com uma grande tarefa, guiar o rebanho do Senhor. A reconciliação estava concluída e projeto do Reino teria continuidade.



Fonte: Pe. Ari Antonio dos Reis

Padre Ari Antônio dos Reis

Padre Ari Antônio dos Reis

Pároco na paróquia Nossa Senhora Aparecida (Catedral) em Passo Fundo, Coordenador de Pastoral e professor na Itepa Faculdades

Indique a um amigo
 
CONTATO
Cúria Metropolitana
Rua Coronel Chicuta, 436 - 4º Andar | sala 401 Edifício Nossa Senhora Aparecida - Centro - 99010-051 | Passo Fundo/RS
(54) 3045-9240

Centro de Pastoral
Rua Coronel Chicuta, 436 - 4º Andar | sala 410 Edifício Nossa Senhora Aparecida - Centro - 99010-051 | Passo Fundo/RS
(54) 3045-9204
 
 
 

Copyright @ 2025 - Arquidiocese de Passo Fundo. Todos os direitos reservados.