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08.Abr - Dizer o óbvio!
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Dizer o óbvio!


Identidade? O hino da Campanha da Fraternidade 2022, acerca da Educação, recorda-nos: “É tarefa e missão da Igreja Boa-Nova no amor proclamar, no diálogo com a cultura para a vida florir, fecundar o que em redes se vai construir e a pessoa humana formar”. Evangelizar é a fundamental missão eclesial e, para tanto, faz-se salutar zelar pela dinâmica do educar. Na essência da identidade cristã está o apostolado, à luz do Evangelho (Mt 28,19-20), às nações.


Faz-se necessário, às vezes, mesmo que pareça estranho, dizer o óbvio para que se possa ter clareza de quem se é e, também, o que, e porquê, se faz enquanto Igreja Católica. “Não podemos ter uma cultura do diálogo se não tivermos identidade”, recorda Francisco. Na árdua e nobre missão de ensinar a Igreja propõe-se como Mãe e Mestra “em seu desenvolvimento histórico, com os diversos ênfases que enriqueceram o seu trabalho no tempo e no espaço”, alcançando a contemporaneidade. Desde o Congresso Mundial “Educar hoje e amanhã”, organizado em 2015, dialoga-se quão importante é a “clara consciência e consistência da identidade católica das instituições educativas da Igreja no mundo inteiro”.


Neste peregrinar educativo cultural, a Congregação para a Educação Católica trouxe a público, em 29 de março, a instrução “A identidade da Escola Católica para uma cultura do diálogo”. Trata-se de um contributo às diversas pessoas envolvidas no campo educativo-escolar católico. Tais propostas apresentam-se como “critérios gerais, destinados a toda a Igreja para preservar a unidade e a comunhão eclesial, deverão ser ainda mais atualizados nos diversos contextos das Igrejas locais espalhadas no mundo, segundo o princípio de subsidiariedade e de caminho sinodal, de acordo com as diversas competências institucionais”.


Organizada em três capítulos, a instrução reflete, primeiramente, sobre a “presença da Igreja no mundo escolar no contexto geral de sua missão evangelizadora”, bem como, a multiplicidade de sujeitos envolvidos no âmbito escolar-educativo, seus carismas e responsabilidades, para, por fim, dedicar-se “a alguns pontos críticos que podem surgir ao integrar todos os diversos aspectos da educação escolar na vida concreta da Igreja”. Uma vez que o Concílio Ecumênico Vaticano II resgatou a “imagem materna da Igreja, como ícone expressivo de sua natureza e sua missão” compreende-se que “a Igreja é a mãe geradora dos crentes, por ser esposa de Cristo” e, neste processo geracional sua ação educativa “é parte essencial de sua identidade e missão”.


Compreende-se, então, primeiramente, que a educação, como formação da pessoa humana, é um direito universal, e consequentemente, responsabilidade de todos(as), a começar pela família. É direito e dever prioritário dos pais fazer conscientes escolhas educativas à prole, e por isso, “é dever das autoridades civis oferecer a possibilidade de diferentes opções de acordo com a lei. O Estado tem a responsabilidade de apoiar as famílias em seu direito de escolher a escola e o projeto educativo”. Cabe, ademais, à Igreja, como Mãe, a fundamental tarefa de ser Mestra e educar, preocupada, a saber, com a formação integral de cada pessoa. Para tal finalidade faz-se indispensável a formação responsável de bons e aptos educadores(as) de forma permanente, considerando o princípio pedagógico da mútua colaboração e participação.


 Ao debruçar-se com afinco, desse modo, no construto educacional, gestor de autonomia aos indivíduos partícipes do processo de aprendizagem e ensino, indica-se, para o entendimento pleno da sociedade, que a escola católica trabalha não somente enquanto instituição, mas sim, como comunidade escolar. Por quê? A instrução rememora que “o elemento característico da escola católica, além de buscar ‘os fins culturais da escola e a formação humana da juventude’, é o de ‘criar um ambiente de comunidade escolar animado pelo espírito evangélico de liberdade e de caridade”’, aonde Jesus Cristo é a centralidade de sua concepção de discernimento e inserção na realidade de ensino-aprendizagem.


 O objetivo escolar católico é “ajudar os adolescentes para que, ao mesmo tempo que desenvolvem sua personalidade, cresçam segundo a nova criatura que são mercê do batismo”, assim como “ordenar finalmente toda a cultura humana à mensagem de salvação, de tal modo que seja iluminado pela fé o conhecimento que os alunos adquirem gradualmente a respeito do mundo, da vida e do homem” (Gravissimum educationis, n.8). Para dizer, em outras palavras, a escola católica, também trabalhando todas as dimensões educacionais das demais escolas públicas ou privadas, registra em sua identidade, ainda, o saudável diálogo entre a fé e a razão inculturada à pastoral orgânica da comunidade eclesial cristã, preocupada em ser escola para todos(as), especialmente às pessoas em situação de vulnerabilidade.


É parte integrante, fundamental, da identidade escolar católica, o testemunho. Quem exerce o ministério educacional no ambiente escolar católico, para além da responsabilidade profissional, tem o compromisso de ser sinal, tendo Cristo Mestre como referência de vida e missão ao caminhar conjuntamente na alteridade de funções, habilidades, carismas e responsabilidades, a fim de angariar constante conhecimento e garantir um ambiente dialógico entre partícipes. Para que? Gestar uma educação em saída, capaz de cultivar a cultura do cuidado com a pessoa, com o meio ambiente, e a vida como um todo.


E quem é responsável neste construto identitário? “A missão educativa realiza-se na colaboração entre vários sujeitos - alunos, pais, professores, pessoal não docente e administração - que constituem a comunidade educativa”. É, portanto, missão de todos(as) nós! Façamos, então, nossa tarefa enquanto educadores(as) cristãos(ãs) de zelar pela identidade missionária que prima Evangelizar, à luz da Palavra de Deus, gerando comunidades escolares construtoras de unidade, promotoras de encontro, com abertura à “verdadeira cultura do diálogo através de uma comunicação inclusiva e permanente” que prime pelo constante processo de desenvolvimento, profundo discernimento, soluções reais e duradouras.



Padre Leandro de Mello

Padre Leandro de Mello

Pároco na paróquia Nossa Senhora dos Navegantes – Ronda Alta, e Assessor da Pastoral da Juventude

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