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17.Set - A experiência comunitária do cuidar!
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A experiência comunitária do cuidar!

 


Há uma expressão que diz: “o segredo é não correr atrás das borboletas; é cuidar do jardim para que elas venham até você”. Cuidar jardins é tarefa árdua. Carece habilidade, criatividade, perseverança, assiduidade, etc. Quem planta sementes, zela e rega aromas adormecidos prestes a perfumar. Como construir a arte do cuidar? Adriano Vieira, educador gaúcho, residente em Rio Verde, Goiás, costuma cultivar girassóis. Frente à janela, aos olhos de transeuntes, belos crescem, aos cuidados do bom jardineiro.


A comunidade humana é tecida por relações de cuidado. Ao nascer cada pessoa descobre-se frágil e incapaz de sobreviver sem o amparo de outra pessoa que lhe acompanhe, alimente, proteja, eduque, etc. No jardim da humanidade, cada criança nasce como minúscula flor, carente de sábios jardineiros(as) dispostos à missão de cuidar da vida. Papa Francisco, na Exortação Apostólica Gaudete et Exultate, recorda: “a comunidade, que guarda os pequenos detalhes do amor e na qual os membros cuidam uns dos outros e formam um espaço aberto e evangelizador, é lugar de presença do Ressuscitado que a vai santificando segundo o projeto do Pai” (GE, n.145).


O cuidado acontece no âmbito comunitário. O caminho da felicidade humana, neste interim, é engendrado de sonhos e perguntas. Como cuidar? De que maneira é possível criar uma cultura do cuidado? A sagrada escritura faz memória ao gesto pedagógico de Jesus Cristo para com a comunidade de discípulos(as): “Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou” (Mc 9,37).


Paulo Freire, educador brasileiro, escreveu: “escolhi a sombra desta árvore para repousar do muito que farei, enquanto esperarei por ti. Quem espera na pura espera vive um tempo de espera vã. Por isto, enquanto te espero trabalharei os campos e dialogarei com homens, mulheres e crianças [...]. Estarei preparando a tua chegada como o jardineiro prepara o jardim para a rosa que se abrirá na primavera” (Canção Óbvia - Paulo Freire).


Paulo apóstolo apresenta a fé, a esperança e a caridade como experiência vital à vida fraterna e societária, uma vez que, no construto humano, como no florescer, há processos: “quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, abandonei as coisas de criança” (1 Cor 13,11). Adriano fora interpelado por outra pessoa enquanto regava seu jardim: “Seus girassóis estão tão bonitos! Se o senhor, sendo cego, não consegue vê-los, por que os cultiva com tanto esmero?” Atento à amabilidade do cuidado comunitário, Adriano, respondeu: “Porque a senhora, e as outras pessoas, enxergam os girassóis!”


O sociólogo e filósofo, Bauman, convida a refletir acerca dos valores humanos na experiência sócio comunitária contemporânea. Segundo Bauman, “enfrentar a responsabilidade ética, aceitar essa responsabilidade, assumir a responsabilidade por essa responsabilidade, é questão de escolha - tendo poucos ou nenhum ponto a seu favor, exceto a voz da consciência [...]. Somos todos artistas de nossas vidas - conscientemente ou não, de boa vontade ou não, gostemos ou não. Ser artistas significa dar forma e condição àquilo que de outro modo seria sem forma ou aparência” (Zigmunt Bauman - A Arte da Vida). Há que se pensar e agir quando refere-se ao cuidar comunitário, não?


 


Padre Leandro de Mello

Padre Leandro de Mello

Pároco na paróquia Nossa Senhora dos Navegantes – Ronda Alta, e Assessor da Pastoral da Juventude

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